O Chile tem hoje
resultados excepcionais advindo de sua reforma previdenciária. Devemos aprender
com os Chilenos.
Notabilizado
entre os países Latino-americanos o Chile figura, pelo menos nos meios de comunicação
tradicionais, como um exemplo a ser seguido.
Chamado por
parte da mídia de Primeiro Mundo da América Latina, as políticas econômicas de
nosso vizinho vem servindo de referência para jornalistas, economistas e
políticos.
Não é muito
fácil fazer comparações entre países com tantas diferenças como os de nossa
região mas alguns resultados obtidos por meio de políticas já aplicadas e já
consolidadas não podem ser desprezados e podem servir de base para nossas ações
considerando, claro, as diferenças entre cada nação.
Com essa visão
de buscar repostas aos desafios atuais, lideranças sindicais do litoral norte,
entre elas o Sifuspesp, se debruçaram em dados econômicos de países da região
para tentar projetar os impactos das atuais políticas aplicadas no Brasil.
Tendo como
foco das análises a Reforma da Previdência, que tem sua votação marcada para o
mês de fevereiro, foi identificada no Chile a ocorrência de fenômeno muito
parecido e que mereceu atenção, pesquisa e debate dos presentes.
Segundo
informações disponíveis, o Chile realizou reforma em seu sistema previdenciário
no início da década de 80. Abandonando o modelo semelhante ao utilizado no
Brasil até o momento e aplicando justamente o que se pretende aplicar após a
reforma.
No lugar, o
Chile colocou em prática algo que só existia em livros teóricos de economia:
cada trabalhador faz a própria poupança, que é depositada em uma conta
individual, em vez de ir para um fundo coletivo. Enquanto fica guardado, o
dinheiro é administrado por empresas privadas, que podem investir no mercado
financeiro.
Agora é a hora
da verdade. Trabalhadores submetidos a essas regras estão se aposentando e
podemos ver, longe das especulações e achismos, a real consequência do que se
pretende aplicar aqui.
Trinta e cinco
anos depois, o país vive uma situação insustentável. O problema: o baixo valor
recebido pelos aposentados.
A experiência
chilena evidencia os desafios previdenciários ao redor do mundo e alimenta um
debate de difícil resposta: qual é o modelo mais justo de Previdência?
Como as
reformas previdenciárias são polêmicas, impopulares e politicamente difíceis de
fazer, não surpreende que essa mudança profunda - inédita no mundo - tenha sido
feita pelo Chile em 1981, durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
De acordo com
o economista Kristian Niemietz, pesquisador do Institute of Economic Affairs (
IEA, Instituto de Assuntos Econômicos, em português), o ministro responsável
pela mudança, José Piñera, teve a ideia de privatizar a previdência após ler o
economista americano Milton Friedman (1912-2006), um dos maiores defensores do
liberalismo econômico no século passado.
Hoje, todos os
trabalhadores chilenos são obrigados a depositar ao menos 10% do salário por no
mínimo 20 anos para se aposentar. A idade mínima para mulheres é 60 e para
homens, 65. Não há contribuições dos empregadores ou do Estado.
Agora, quando
o novo modelo começa a produzir os seus primeiros aposentados, o baixo valor
das aposentadorias chocou: 90,9% recebem menos de 149.435 pesos (cerca de R$
694,08). Os dados foram divulgados em 2015 pela Fundação Sol, organização
independente chilena que analisa economia e trabalho, e fez os cálculos com
base em informações da Superintendência de Pensões do governo.
O salário
mínimo do Chile é de 264 mil pesos (cerca de R$ 1,226.20).
No ano retrasado,
centenas de milhares de manifestantes foram às ruas da capital, Santiago, para
protestar contra o sistema de previdência privado.
Como resposta,
Bachelet, que já tinha alterado o sistema em 2008, propôs mudanças mais
radicais, que podem fazer com que a Previdência chilena volte a ser mais
parecida com a da era pré-Pinochet.
De acordo com
Niemietz, o modelo tradicional, adotado pela maioria dos países, incluindo o
Brasil, é chamado por muitos economistas de "Pay as you go" (Pague ao
longo da vida).
Ele foi criado
pelo chanceler alemão Otto von Bismarck nos anos 1880.
Segundo
Niemietz, a mudança implementada pelo Chile em 1981 era apenas um exemplo teórico
nos livros de introdução à Economia.
"Em
teoria, você teria um sistema em que cada geração economiza para sua própria
aposentadoria, então o tamanho da geração seguinte não importa", afirmou
ele, que é defensor do modelo.
Para ele,
grande parte dos problemas enfrentados pelo Chile estão relacionados ao fato de
que muitas pessoas não podem contribuir o suficiente para recolher o benefício
depois - e que essa questão, muito atrelada ao trabalho informal, existiria
qualquer que fosse o modelo adotado.
A grande
questão do trabalho informal recai atualmente no Brasil com o nome de Reforma
Trabalhista que transforma trabalhadores assalariados em prestadores de serviço
ou em sub assalariados em regimes diferenciados de trabalho e ganhando, em
determinados casos, menos que o mínimo.
No Brasil, a
reforma proposta pelo governo Temer mantém o modelo "Pay as you go",
em que, segundo economistas como Niemietz, cada geração passa a conta para a
geração seguinte porém somada as outras reformas, a tendência é proporcionar
uma queda drástica na contribuição, manter privilégios e colapsar o sistema em
pouco tempo.
Na prática
De acordo com
o especialista Kaizô Beltrão, professor da Escola de Administração Pública e de
Empresas da FGV Rio, várias vantagens teóricas do sistema chileno não se
concretizaram.
Segundo ele,
esperava-se que o dinheiro de aposentadorias chilenas poderia ser usado para
fazer investimentos produtivos e que a concorrência entre fundos
administradores de aposentadoria faria com que cada pessoa procurasse a melhor
opção para si.
Ele explica
que, como as administradoras são obrigadas a cobrir taxas de retornos de
investimentos que são muito baixas, há uma uniformização do investimentos.
"A maior parte dos investimentos é feita em letras do Tesouro", diz.
Além disso,
segundo Beltrão, "as pessoas não têm educação econômica suficiente"
para fiscalizar o que está sendo feito pelas administradoras, chamadas AFPs
(administradoras de fundos de pensão).
Essas cinco
empresas juntas cuidam de um capital acumulado que corresponde a 69,6% do PIB
do país, de acordo com dados de 2015 da OCDE (Organização para Desenvolvimento
e Cooperação Econômica), grupo de 35 países mais desenvolvidos do qual o Chile
faz parte.
As maiores
críticas contra o sistema chileno se devem às AFPs, que abocanham grande parte
do valor das aposentadorias das pessoas. De acordo com Beltrão, o valor pago às
administradoras não é muito transparente, pois é cobrado junto ao valor de
seguro em caso de acidentes.
Reformas no Chile e no
Brasil
As diferentes
maneiras de se formar e gastar um fundo comum deveriam ser, segundo Medeiros, o
foco da discussão da reforma no Brasil, cujo projeto de reforma enviado ao
Congresso mantém o modelo "solidário", ou "pay as you go".
O pesquisador
aponta que há quase um consenso de que o país precisa reformar sua Previdência.
"A discussão é qual reforma deve ser feita."
Vemos que no
Brasil há uma casta de privilegiados e que esses não são os servidores públicos
comuns como diz os governantes. No entanto o governo insiste em jogar toda a
conta do que diz ser o Rombo da Previdência, já desmentido pela própria
auditoria e CPI da previdência da Câmara dos Deputados, sob os trabalhadores
mais pobres e servidores públicos médios enquanto isso, no Chile, se buscam
alternativas para voltar ao que era antes de Pinoche.
O Chile adota
hoje a denominada política neoliberal ou de estado mínimo e, por tanto, o
estado não manda muita coisa e os aposentados com menos de meio salário mínimo
não tem muita perspectiva de melhora.
Do Chile para
o Brasil, dois exemplos: 01 – Lá se prova que as reformas pretendidas no Brasil
só trarão benefícios para as empresas e 02 – Tanto para eles quanto para nós,
só resta a luta.
Referencias:
El País, BBC Brasil, Veja, Exame,
Folha de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas, Banco Mundial, Trading Economics,
IPEA, IBGE.
Estive recentemente no Chile, tenho uma cunhada que mora lá, e vi a situação dos aposentados. Eles tem que se virar por que o modelo de aposentadoria criado pela ditadura de Pinochet faliu.
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