Marcos Roberto Remedi, 46 anos, Agente de Segurança Penitenciária integrante do Grupo de Intervenção Rápida (GIR) e do Centro de Detenção Provisória de Campinas, é conhecido como Caveira, o maratonista, conquistador de algumas medalhas e de uma Ultramaratona.
Iniciou sua história no esporte, mais precisamente no atletismo, com corridas curtas. Um passatempo que com o tempo começou a apreciar. Passou um ano correndo, treinando sozinho e há cerca de cinco meses com o renomado treinador Marcelo Rocha.
“Cada dia eu corria mais. Comecei de quilômetro em quilômetro. Profissionalmente, hoje, corro cerca de 42 quilômetros. Percebi que conheci o atletismo apenas depois de começar a treinar com um profissional”, disse Caveira.
Caveira já obteve conquistas como atleta maratonista. A Ultramaratona em Bertioga é considerada sua maior conquista, 45 quilômetros feitos em 3h e 55 minutos. Sendo classificado em primeiro lugar na sua categoria e sexto lugar no total.
“Eu não esperava chegar aonde cheguei. Para mim essa competição seria como um treino e não uma conquista como está. Estou participando de várias maratonas para treinar para outras corridas maiores”, conta o maratonista Caveira.
A corrida de 42 quilômetros na Serra do Rio do Rastro é seu próximo objetivo. Ele dá os méritos ao seu instrutor, o já citado Marcelo Rocha com experiência de 35 anos de corridas de ruas que lhe ensinou e ensina disciplina e o acompanha treinando.
Mudança de vida
Segundo o ASP Marcos Roberto Remedi,
o esporte transforma. Seus hábitos alimentares, horas de descanso necessárias, já que sua profissão gera um desgaste maior devido aos turnos exigidos, além da prática de exercícios em si, que ajuda na saúde do corpo e da mente.
“Minha vida pessoal transformou-se. Conheci outras pessoas que amam fazer esporte, ou seja, que cuidam de si mesmos. Pessoas que não são apenas amigos e sim irmãos, juntos debaixo de chuva e sol”, relata.
Um círculo social diferenciado do trabalho e da família, segundo profissionais da saúde mental, é de extrema importância para o equilíbrio emocional de qualquer pessoa. Caveira obteve esta conquista pessoal por meio do esporte.
“Posso desfrutar de assuntos diferentes do meu trabalho. Assuntos mais leves. Um deles é o ‘’Amantes da Corrida’’. Ali incentivamos desde quem está começando até os profissionais. É um grupo que me coloca pra cima, me dá outra visão de vida”, ele diz.
Segundo o ASP, profissionalmente, ele também é outro: “Precisamos ter algo como esporte para tirar o estresse, o nervosismo e o cansaço. Mudei minha postura profissional após o atletismo, sou um homem mais calmo e centrado, além de exercer a profissão com o devido condicionamento físico”.
Quanto a vida de familiar, ele também relata mudanças. O cansaço extremo ao chegar em casa e todo o peso que trazia do trabalho, Caveira consegue “despejar” durante a corrida e levar uma vida mais leve dentro de casa.
Por que praticar um esporte?
A profissão de agente penitenciário acarreta diversas doenças psicológicas e físicas, devido a sua natureza de ansiedade, estresse e mudanças no horário de dormir.
Na correria e cansaço do dia a dia, poucos profissionais praticam exercícios físicos. Com o passar do tempo acabam acometidos por doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, entre outras causadas pelo sedentarismo.
Doenças psíquicas como Depressão, Síndrome do Pânico, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Síndrome de Burnout, entre outras, também estão na lista das que acometem a categoria, sendo responsáveis por afastamentos de saúde.
“Ansiedade, estresse, problemas com o sono são características da nossa profissão. O esporte me ajudou. Chego em casa mais tranquilo porque já descarrego tudo de ruim na corrida. Agradeço ao atletismo”, diz o ASP Caveira.
Para o ASP, a profissão estressante e o tempo longe da família trazem um vazio, uma falta, preenchida muitas vezes com um tipo de “descanso” considerado comum, como por exemplo passar o tempo livre com uma latinha de cerveja na mão.
“Isso não nos recupera do estresse que enfrentamos. Encontrei no esporte uma alternativa saudável. Tive muitos amigos que adoeceram gravemente, e mais do que isso perdi muitos amigos ainda jovens. O esporte certamente é um apoio na vida de pessoas que possuem uma profissão tão desgastante como a do agente penitenciário. A nossa realidade é muito difícil, vemos coisas ruins todos os dias, coisas que ficam em nossa mente. Para mim a corrida é um momento em que tudo isso vai embora. É o meu descanso mental”, conclui o atleta vitorioso.
Porção de ajuda
Caveira procura ajudar seus companheiros de trabalho da melhor maneira possível, com aquilo que aprendeu, orientando a prática de algum esporte, não importa qual seja.
“O importante é fazer algo que limpe sua mente da vivência, podemos dizer, destrutiva que é o nosso trabalho. Meus companheiros perceberam que eu mudei e cresci profissionalmente e socialmente. Fico muito feliz com isso e pretendo ser espelho para outros”, o ASP afirma.
Para torcer
O próximo grande desafio do ASP Marcos Roberto Remedi será a Serra do Rio do Rastro em Santa Catarina, na qual foi sorteado a disputar.
“Marcelo Rocha, meu mestre, é o único bi-campeão deste grande desafio. Este campeonato acontece dia 1 de Setembro. Também participarei de outros campeonatos durante o ano, como a maratona de 42 km da Graciosa do Paraná, assim como ainda irei competir em Botucatu e Igaratá, Maratona City de São Paulo, Maratona de Curitiba, entre outras”, relata.
A categoria, certamente, continua na torcida pelo ASP maratonista Caveira. Por vitórias nas ruas, serras, nos desafios de atletismo, assim como na vida com amigos, família e sociedade. Ele é um exemplo de que a mudança de vida é possível. Afirma que o esporte foi um divisor de águas em sua vida e considera-se outra pessoa depois do atletismo. É o que deseja para todos os seus companheiros.
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