Diretor de Base do Sifuspesp envia Moção de Repúdio dirigida ao Presidente da Companhia Docas de São Sebastião


Diretor de Base do Sifuspesp envia Moção de Repúdio dirigida ao Presidente da Companhia Docas de São Sebastião

O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo - SIFUSPESP, cito Rua Leite de Moraes, 366 - Santana - São Paulo/SP Cep:02034-020, vem por meio de seu Diretor de Base no Município de Caraguatatuba, Sr. Rogério Grossi de Britto, declarar o seu repúdio pelo presidente da CDSS - Companhia Docas de São Sebastião, Casemiro Tércio, em referencia a sua fala no dia 04/07 em Audiência Publica na Câmara dos Deputados em Brasília.

Destacamos o caráter discriminatório, preconceituoso e, em muitas oportunidades, fantasioso de Casemiro Tércio em seu pronunciamento, principalmente no trato com os trabalhadores concursados, seja CLT/Estatutários, e principalmente suas referências com as mulheres, fala a qual consideramos inadmissível.

Já a algum tempo o SIFUSPESP vem, juntamente com os demais Sindicatos que compões o Fórum dos Sindicatos do Litoral Norte, acompanhando as questões relacionadas a ampliação do Porto de São Sebastião. Realizando debates e discussões relacionadas ao assunto e analisando as propostas existentes na observância dos direitos trabalhistas, da qualidade do emprego, da renda, e do bem estar dos trabalhadores, bem como a capacidade do município em absorver tais propostas de forma positiva e sustentável convertendo essas em benefícios a população.

Visto isso e a seriedade ao qual o assunto é encarado por nossa entidade, consideramos trágica a participação do Sr. Casemiro Tércio na oportunidade acima citada e por meio dessa expressamos aqui nosso repúdio.

Aproveitamos a oportunidade para pontuar nosso ponto de vista para com o assunto de privatização do Porto de São Sebastião e em primeira pontuação estamos convictos que tal tema não deve ser, em hipótese alguma, conduzida polo atual presidente da CDSS - Companhia Docas de São Sebastião dado seu notório fracasso na administração do mesmo conforme os números relacionados a operações portuárias realizadas, custos anuais, investimentos em expansão e os resultados apresentados pelo próprio.

Destacamos que o assunto vem a tona em momento de profunda confusão nos aspectos políticos e econômicos nacionais  onde enxergamos que a penúria dos Estados é resultado direto das políticas de austeridade adotadas pelos Governos Federal e Estaduais, na contramão do mundo avançado e mesmo de outros países emergentes. O efeito é a queda vertical da atividade econômica e a redução da arrecadação de impostos, fonte da receita para obras de interesse público na saúde, educação, saneamento e outras áreas vitais ao funcionamento do País. A diminuição do recolhimento de impostos explica, portanto, mas não justifica o frenesi privatizante. Vale a pena refletir sobre o questionamento de um analista do insuspeito banco norte-americano JP Morgan, feito com o uso de uma metáfora, durante o ciclo de privatizações dos anos FHC: “Quando toda a prataria da família for vendida, o que restará fazer”? O alerta sugere que em hipótese alguma a privatização deve ser política econômica.

Também estamos convictos que o processo de privatização já se mostrou, em diversos seguimentos, um total fracasso quando observamos seus resultados/benefícios não só aos trabalhadores e mercado de trabalho, mas também a qualidade dos serviços prestados.

A onda anterior de liquidação de ativos públicos não trouxe resultados positivos e duradouros, ao contrário do prometido. Um exemplo é esclarecedor. O processo de privatização considerado a mais bem sucedida nos moldes apontados para o Porto de São Sebastião, que é a do setor de telecomunicações, que entrega hoje um dos serviços piores e mais caros do mundo, segundo indicadores internacionais e reputados especialistas do País. As teles são campeãs em falhas e medalhistas nos rankings das reclamações dos serviços de proteção ao consumidor.

Um dos mais destacados argumentos do presidente da CDSS - Companhia Docas de São Sebastião - seria a melhoria dos serviços para aumento da competitividade, no entanto, o que é fato no mercado é que apesar de ser essa a principal justificativa para a venda do patrimônio público. “As receitas das vendas de estatais no auge do processo, entre 1997 e 1998, corresponderam em média a 3% do PIB e contrastam com os resultados da dívida pública e do desequilíbrio fiscal, que prosseguiram como se uma privatização de tal envergadura não estivesse em curso”, escreveram Luiz Gonzaga Belluzzo e Júlio Gomes de Almeida no livro Depois da Queda.

Ressaltamos que privatizações são ofertas de bens públicos ao mercado mundial e quem oferecer mais, leva. Na competição entre candidatos à compra, prevalecem quase sempre os investidores estrangeiros, por terem maior poder financeiro. Privatizações significam quase sempre desnacionalizações, fato ao qual também nos opomos veementemente.

Acreditamos que é preciso analisar o exemplo dos países bem sucedidos, de renda média alta, que garantem proteção aos jovens e aos aposentados e tem alto nível educacional e cultural. Na Alemanha, ao contrário do Brasil, as marcas nacionais imperam e a quantidade de carros importados nas ruas é mínima. Nos supermercados, a predominância dos produtos nacionais é quase absoluta. Há várias indústrias em cada ramo, a competição é acirrada, mas a manufatura nacional manda no mercado. Não é fácil um produto final estrangeiro ultrapassar a fronteira e disputar o mercado nacional. Na França, Inglaterra, Japão, Estados Unidos, Suécia e outros ocorre o mesmo.

Se esse grupo, acompanhado de China e Coréia, mantiveram e aperfeiçoaram as suas indústrias, como concluir que o descaso com o setor e o apreço pela desnacionalização levariam o Brasil ao bom caminho? Nenhum país avançado atingiu esta condição sem ter ao menos 25% do PIB composto pelo produto industrial. O Brasil esteve próximo disso no auge do setor, décadas atrás, mas hoje o indicador beira 10%.

Lembramos também que as sociedades descobriram tarde que o tsunami de privatizações no mundo, na década de 1990, não correspondia às suas necessidades, ao contrário do alardeado pelos meios de comunicação, mas aos interesses de banqueiros e grandes investidores, beneficiados por ganhos gigantescos na intermediação e nas transações proporcionadas por operações gigantes.

Ressaltamos também que assim como o sistema financeiro, os comodites como minério e petróleo, e o sistema de telecomunicações, os Portos são de interesse estratégico para o desenvolvimento nacional e, por tanto, devem permanecer sob total controle do Estado.

No quesito segurança pública, ao qual temos maior vocação para tratar, ressaltamos que para discussão do quesito origem da violência urbana, não há consenso. No entanto é consenso entre todos os órgãos e especialistas no assunto que os maiores índices de violência ocorrem em sociedades com os maiores índices de desigualdade social.

Pontuamos que os moldes privatistas Brasileiros, assim como o apontado como solução pelo presidente da CDSS - Companhia Docas de São Sebastião - agravam ainda mais a já lamentável situação relacionada a segurança pública em nossa região visto que essa causa, indiscutivelmente, a precarização do emprego, o aumento desordenado da população, a acumulação de capitais, a evasão de divisas e a queda da arrecadação proporcional de impostos.

Atenciosamente
Rogério Grossi de Britto
Diretor de Base do SIFUSPESO/CUT
Membro do Frente Brasil Popular Litoral Norte
Membro do Fórum dos Sindicatos do Litoral Norte



Contato: 12 98115-0788 (Tim)

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