No dia 28 de dezembro o Ministro da Defesa, Raul Jungmann,
em pronunciamento citou “...A gente chega a pensar se não há algum tipo de
leniência, de acordo entre os [trabalhadores] do sistema prisional e aqueles
que estão presos”, disse Jungmann, ao fazer o balanço anual das atividades do
ministério.” E concluiu “...É minha conclusão pessoal...”
Logicamente essa foi uma interpretação do Ministro quanto
aos dados apresentados por meio da operação Varredura que envolveu 11 mil militares
das três forças em 31 presídios dos estados do Acre, Amazonas, Pará, Rio Grande
do Norte, Rondônia e Roraima.
É muito loca essa interpretação principalmente vindo de quem
veio, no entanto, ter opinião ainda não é crime e Jungmann não pode ser
considerado um fora da lei por emitir suas formulações pessoais e assim ele não
terá a oportunidade de comprovar seus apontamentos in loco, mas... não salva
ele de que, também baseado em dados que estão disponíveis a todos, em minha
interpretação pessoal o considere uma pessoa, aparentemente, infame, vil,
abjeto; velhaco, ou seja, canalha.
E porque essa opinião
A princípio podemos observar que ele utiliza dados de uma
operação que movimentou 11 mil homens para uma operação em 31 presídios. É possível
que o Ministro não saiba, mas usando como exemplo São Paulo, possuímos aproximadamente 30 mil
servidores para uma total de 169 unidades prisionais com uma das maiores
populações carcerárias do mundo. Na pratica isso significa que a operação
citada mobilizou, se simultaneamente (o que não foi), mais de 350 homens e mulheres fortemente
armados e com equipamentos e tecnologias que nós, do sistema prisional, nunca
imaginamos que existia enquanto em São Paulo, a média de servidores seria de
177 por unidade (na prática isso não ocorre nem de longe) quase que sem armas e com tecnologias do tempo do onça. É muito
covarde fazer essa comparação.
Podemos observar também a estrutura física dos presídios dos
estados citados que são, em sua maioria, deploráveis. Só que eu prefiro fazer a
comparação não baseado nas instituições que ele representa ou aponta no momento mas com
ele mesmo. Dá só uma olhada
O PPS, partido que se autoproclama decente, tem
entre suas maiores lideranças Raul Jungmann (PPS-PE), aquele que entrou com
representação contra o juiz federal Fausto Martin De Sanctis junto ao CNJ
(Conselho Nacional de Justiça), após a Operação Satiagraha, e mereceu repúdio
da maioria dos juízes federais.
Antes disso, Jungmann foi denunciado pelo Ministério
Público, por improbidade administrativa no esquema de desvio de recursos do
Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) quando foi Ministro
do Desenvolvimento Agrário de FHC.
Ele foi acusado de torrar 33 milhões de reais em verbas
publicitárias do Incra para vitaminar empresas dos seus amigos do peito, a
exemplo da RNN, da esposa do jornalista
Ricardo Noblat. O MPF encontrou corrupção
nos termos aditivos irregulares, subcontratação de empresas fantasmas, compra
de notas fiscais frias, pagamento por serviços não prestados, superfaturamento,
entre outros.
Jungmann também foi alvo de auditoria aberta pela
Controladoria Geral da União (CGU) para apurar gastos irregulares com
massagista em hotel de luxo no Rio de Janeiro, quando foi ministro de FHC.
E isso é só o começo e se essas informações forem, de fato, verdadeiras, o Ministro poderia dizer com propriedade se os trabalhadores do sistema prisional tem ou não algum tipo de acordo com criminosos...
Também podemos olhar por outro ângulo como perceber que ao invés
de aparecer como herói nessa imensa tragédia que vem se consolidando o sistema
prisional, ele mesmo reconhecesse a sua parcela de culpa, na condição de
político histórico, deputado federal, ex-ministro e ministro, por deixar as
coisas chegarem a esse ponto. Julgman não é herói que vem salvar o sistema
prisional e do alto de seu pedestal disseminar informações equivocadas e
generalizadas sobre nossos companheiros de trabalho. Julgmann, na realidade, é O Canalha que tenta jogar no colo dos trabalhadores todo o descaso seu, de seu partido, da
união, dos estados e municípios nessa política já falida de prisionisação a
qualquer custo e sem planejamentos coerentes ou políticas apropriadas.
Poderíamos falar de fronteiras, de companheiros de trabalho
do citado que estão ou presos ou indiciados, poderíamos comentar os rumores de
corrupção que vem emergindo das forças a qual ele representa, poderíamos falar
do presidente que o nomeou e até de seu próprio partido mas, vamos deixar isso
para que cada um pesquise e tire suas conclusões.
E para terminar com muita cultura e erudição, segue um meme
dos Simpsons
Por: Rogério Grossi
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