A atividade penitenciária impõe maiores desgastes do outras profissões de alta periculosidade como a de policiais e equivalente a soldados em combate
Conforme a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a profissão de agente penitenciário é a segunda profissão mais perigosa do mundo. Segundo estudos do Centro de Tratamento de Psicologia(CPA) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a natureza do trabalho do agente é causadora de alterações psicológicas já que a extrema ansiedade e apreensão, entre outros sentimentos, fazem parte do cotidiano de trabalho. Um estudo recente da Universidade dos Estado de Washington (EUA) evidenciou que alguns agentes chegam a viver sofrimento semelhante ao pós-guerra.
A universidade norte americana mostrou que 19% dos guardas de prisões dos Estados Unidos sofrem com Síndrome de Estresse Pós-traumático. Os dados, embora não sejam resultados de amostra de profissionais brasileiros, são indicativo de que parte dos trabalhadores do sistema adoece psiquicamente, e tal fato é claramente agravado devido às condições de trabalho. Quando se diz “natureza do trabalho” é necessário lembrar da atenção extrema necessária no dia a dia para evitar fugas e brigas, e para manter a ordem em um ambiente em que a atuação de grupos criminais organizados gera uma constante ameaça para os que ali vivem e para os trabalhadores. A consequência é lidar com ameaças de motins, e manter uma firme vigilância para impedir que a cadeia “caia”.
Entretanto, na realidade do nosso país - que é a que conhecemos - essas questões são agravadas pelas péssimas condições estruturais das prisões, a superlotação e a baixa resposta do governo em relação à precarização desse serviço e em relação a defasagem salarial. Diante desse quadro, a quantidade de cortisol liberado em um organismo exposto a tal ambiente - o chamado “hormônio do estresse” - é de um percentual maior e mais constante do que o natural. O cortisol é liberado em situações “protetivas”, o que permite ao corpo ficar em estado de alerta quando diante de perigo eminente, ajudando na rápida reação.
Mas cortisol em excesso é prejudicial à saúde, causando problemas de pressão, diabetes e outros transtornos como o do sono e o citado estresse pós traumático que produz a resposta de passagens por eventos como guerra, sequestro, abuso sexual ou acidentes graves. Funcionários de prisão frequentemente testemunham violência, sofrimento e passam até por crises existenciais ao questionar se o sistema realmente é justo e eficiente.
Segundo o estudo da Universidade dos Estado de Washington (EUA), o número de funcionários afetados é similar ao de soldados americanos que foram ao Iraque ou Afeganistão, e é maior do que o número de policiais afetados pela síndrome. Entre esses funcionários diagnosticados, 15% relataram flashbacks e pesadelos relacionados com a violência que testemunharam. Embora não exista estudo semelhante no Brasil, as reações ao trabalho são semelhantes e os afastamentos devido ao sofrimento com a doença incapacitante são altos.
Se você passa por problemas parecidos ou desconfia que há algo de errado com sua saúde psíquica, procure ajuda Profissional!
Existe tratamento e o SIFUSPESP pode oferecer o apoio necessário e encaminhar para um tratamento efetivo, caso necessário.
O sindicato somos todos nós.
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